30 de Setembro de 2019

Mercado das renováveis em Moçambique cada vez mais dinâmico

O mês de Setembro foi marcado pela entrada de dois novos players no mercado moçambicano de energias renováveis.

 

Ao nível do on-grid, isto é, centrais ligadas à rede, foi inaugurada a Central solar de Mocuba, na província da Zambézia, com capacidade de 40 MW que serão injectados na rede eléctrica nacional.

 

Este projecto, que cobre uma área de 200 hectares, dos quais 170 ocupados por painéis, irá produzir 79 GWh de energia limpa para 175 mil clientes no Norte de Moçambique. O projecto resulta de uma parceria público-privada entre a empresa norueguesa Scatec Solar com 52,5%, a EDM (Associada da ALER), com 25% e a agência de desenvolvimento norueguesa, Norfund, com 22,5%. O custo total do projecto foi de 76 milhões de dólares, financiado com capitais próprios no valor de 14 milhões de dólares, uma subvenção de 7 milhões de dólares e 55 milhões de dólares de dívida, repartida em 19 milhões de dólares da International Finance Corporation (IFC), um empréstimo concessional de 19 milhões de dólares do Climate Investment Fund e um empréstimo sindicalizado de 17 milhões de dólares do Emerging Africa Infrastructure Fund (EAIF). O contrato de compra da energia solar foi assinado entre a central solar de Mocuba e a EDM e tem a duração de 25 anos.

 

Segundo se prevê, a este projecto irá juntar-se, ainda durante este ano, a construção da Central Solar de Metoro, pela NEOEN (Associada da ALER), na província de Cabo Delgado resultado de um investimento de 76 milhões de dólares, tal como noticiado em Dezembro de 2018 pela ALER.

 

Estes dois projectos serão estruturantes já que actualmente, segundo a EDM, as regiões Centro e Norte estão com disponibilidade de energia da rede nacional de 3.040 MW e com défice de 150 MW, contribuindo não só para o fornecimento de energia a estas regiões como para a diversificação do mix energético através de renováveis.

 

O mercado das renováveis off-grid, isto é, sistemas isolados, também tem demonstrado uma dinâmica cada vez maior com a recente entrada da empresa Fénix internacional, uma subsidiária da ENGIE, com a meta de levar energia limpa e acessível a 200 000 famílias nos próximos 3 anos através da comercialização de Sistemas Solares Caseiros. A empresa utilizará um sistema pay as you go (PAYGO) para reduzir custos e levar energia de qualidade e acessível a consumidores rurais. Numa parceria com a Vodacom e a Vodafone M-Pesa SA, a empresa pretende assim responder aos desafios de distribuição, ligação e pagamentos móveis que dificultam o acesso da população rural a produtos energéticos acessíveis.

 

A Fénix vem-se juntar às duas empresas já presentes no mercado. A primeira foi a SolarWorks!, presente no mercado desde 2016 tal como noticiado pela ALER, em 5 províncias, e que pretende até final do ano chegar a 8 províncias, com 500 colaboradores e iluminar 50 mil famílias. Comercializam sistemas solares que podem ser pagos de forma faseada consoante as condições adaptadas a cada cliente utilizando painéis fabricados a nível nacional pelo FUNAE. Desde 2018 que a empresa conta com uma participação da EDP Renováveis, Associada da ALER, tal como também havíamos noticiado.

 

No início deste ano foi noticiada a entrada de um segundo player no mercado. A Ignite, com o apoio e o investimento da Source Energia, Associada da ALER, deu início em Fevereiro a um projecto de âmbito nacional com o objectivo de conectar 6,2% da população que vive em zonas remotas do país nos próximos três anos. Prevê-se que 1,8 milhões pessoas passem a ter acesso a electricidade segura, sustentável e mais económica, substituindo assim o recurso a fontes poluentes para obtenção de energia, como a querosene ou o carvão, através da distribuição de Sistemas Solares constituídos por um kit de instalação com um painel solar de 10 a 15 watts e uma bateria de longa duração de lítio.

 

Moçambique estabeleceu a ambiciosa meta de levar electricidade a 100% da população até 2030, o que num país de grande dimensão com grande parte da população a viver em áreas rurais e onde apenas 27% da população tem acesso à electricidade representa enormes desafios e simultaneamente grandes oportunidades para o investimento em energias renováveis on e off-grid.

 

O Governo tem dado sinais positivos e o mercado tem respondido demonstrando cada vez mais dinamismo. É com enorme satisfação que a ALER e os seus Associados, têm vindo a acompanhar a consolidação do mercado das renováveis em Moçambique e espera assim continuar a contribuir para a promoção do investimento no país.