28 de Março de 2018

Por que precisamos de subsidiar o acesso à energia para famílias pobres e remotas?

A indústria off-grid surgiu como a solução perfeita para o fornecimento de energia em especial para os mais pobres e que vivem em áreas mais remotas. No entanto, há evidências de que na realidade, nos dias de hoje com os modelos actuais de distribuição e financiamento, não é suficiente para alcançar esse grupo alvo.

A venda de sistemas solares através de empréstimos aos consumidores finais (pay-as-you-go/PAYG) provou ser uma forma eficiente de financiamento e de comercialização. Mas as estratégias de negócio actuais só chegam a uma parte dos 1.2 mil milhões de pessoas sem acesso à electricidade.

O relatório "Off-Grid Solar Market Trends” da GOGLA concluiu que as expectativas relativas aos impactos geralmente não são alcançadas, e, em particular a população de baixos recursos financeiros, pouco beneficia da actual abordagem generalizada de PAYG.

Presumivelmente, uma abordagem puramente orientada para o lucro não é suficiente para assegurar “Energia Sustentável para todos”. Uma mistura das abordagens com fins lucrativos e sem fins lucrativos é necessária, tal como aconteceu durante décadas com as formas de energia tradicionais.

Ao contrário dos combustíveis fosseis, neste caso é a ligação à rede eléctrica que é geralmente altamente subsidiada, e não o preço da electricidade comprada. Mas mesmo esta abordagem não oferece uma solução viável, porque a) a expansão da rede eléctrica a zonas remotas é impagável, e b) mesmo em regiões urbanas e peri-urbanas o preço da electricidade é geralmente tão elevado que as pessoas não conseguem suportar.

O Quénia é um exemplo disso mesmo, em que o fornecedor de energia teve que admitir que apesar de milhões de pessoas estarem ligadas à rede na realidade consomem muito pouca ou nenhuma electricidade porque esta é demasiado cara.

Uma possível nova abordagem seria aplicar o modelo actual da rede eléctrica a tecnologias solares descentralizadas e subsidiar o acesso à energia. Em vez de fornecer acesso à energia da rede seria garantido o acesso à energia do sol, já que a compra de sistemas solares básicos (3 LED, carregadores para telemóveis) é possível para todos os consumidores a um preço subsidiado. E uma vez que a electricidade consumida, em contraste com a electricidade da rede, é gerada de forma gratuita, o peso da despesa em combustíveis fosseis ou em electricidade da rede para os consumidores domésticos é eliminado.

É pois chegado o momento de redirecionar os subsídios das antigas tecnologias energéticas para soluções de energia descentralizadas. Só dessa forma será então possível o fornecimento de electricidade fiável para áreas pobres e remotas.

 

Harald Schützeichel, Sun-Connect News Editor



NOTA DA ALER: Para mais informações sobre como os subsídios à eletricidade não estão a chegar às famílias da África Subsaariana de mais baixa renda, consulte o último resumo da pesquisa da Power for All.