7 de Abril de 2017

REN21 lança “Renewables Global Futures Report: Great debates towards 100% renewable energy”

A REN21, rede da qual a ALER é membro, publicou no passado dia 4 de Abril o seu último relatório sobre a viabilidade e desafios de alcançar um futuro 100% renovável. O lançamento da publicação “Renewables Global Futures Report: Great debates towards 100% renewable energy” teve lugar no Fórum Sustainable Energy for All, que decorreu em Nova Iorque.


Este relatório analisa as opiniões de 114 especialistas em energias renováveis de várias partes do mundo, que foram entrevistados ao longo de 2016. Os resultados foram agrupados em diversos tópicos definidos como “12 Grandes Debates”.


De relevância directa para o Fórum, mais de 90% dos especialistas entrevistados concordam que as tecnologias de energia renovável servem para diminuir os obstáculos para que as comunidades tenham acesso a serviços de energia. Estima-se que 100 milhões de pessoas agora recebam electricidade através de sistemas descentralizados de energia renovável, e que os mercados desses sistemas estejam a crescer rapidamente.


Outras conclusões importantes incluem:

 

  • Mais de 70% dos especialistas entrevistados consideram viável e realista a transição global para 100% de energia renovável, com os especialistas europeus e australianos a apoiar fortemente este ponto de vista.
  • Há um grande consenso de que o poder das energias renováveis irá dominar no futuro, com muitos a denotar que até as grandes empresas internacionais estão cada vez mais a selecionar produtos de energia renovável, quer de empresas de serviço público, quer através de investimento directo na sua própria capacidade de geração.
  • Inúmeras empresas, regiões, ilhas e cidades estabeleceram metas de 100% energia renovável.
  • Cerca de 70% dos entrevistados esperam que o custo das energias renováveis continue a cair, batendo todos os combustíveis fósseis dentro de 10 anos. A energia eólica e solar fotovoltaica são, de facto, já competitivas em termos de custos com a nova produção convencional na maioria dos países da OCDE.
  • Países tão diversos como a China e a Dinamarca estão a demonstrar que o crescimento do PIB pode ser dissociado do aumento do consumo de energia.

 

No entanto, o relatório identifica uma série de desafios:

 

  • Em algumas regiões, especialmente em África, nos EUA e no Japão, os especialistas mostraram-se cépticos em relação ao alcance do fornecimento de 100% energia renovável nos seus próprios países ou regiões até 2050, em grande parte devido aos interesses da indústria de energia convencional.
  • As soluções drop-in não serão suficientes para transformar o sector dos transportes, como a substituição de motores de combustão por unidades eléctricas. Será necessária uma transferência modal, por exemplo, da estrada para o caminho-de-ferro.
  • A incerteza política a longo prazo e a ausência de um ambiente estável para o investimento em eficiência energética e energias renováveis dificultam o desenvolvimento na maioria dos países.

 

Arthouros Zervos, Presidente da REN21, referiu que: "Quando a REN21 foi fundada em 2004, o futuro das energias renováveis parecia muito diferente do que acontece hoje. Naquela época, ninguém poderia imaginar que em 2016: as energias renováveis representariam 86% de todas as novas instalações eléctricas da UE; A China iria tornar-se a powerhouse de energia renovável do mundo; e mais de metade do investimento global em energia renovável ocorreria em economias emergentes e em países em desenvolvimento. Os apelos para 100% de energia renovável não foram levados a sério; hoje os principais especialistas em energia do mundo estão envolvidos em discussões racionais sobre sua viabilidade, e em que prazo".


Christine Lins, Secretária Executiva da REN21, acrescentou: "Este relatório apresenta uma vasta gama de pareceres de peritos e destina-se a estimular a discussão e debate sobre as oportunidades e desafios de alcançar um futuro de energia 100% renovável em meados deste século. As boas intenções não nos levarão lá; apenas percebendo plenamente os desafios e participando num debate informado sobre como superá-los, os governos poderão adoptar políticas e incentivos financeiros adequados para acelerar o ritmo de implementação".

Faça o download de todos os infográficos  do relatório aqui.