18 de Outubro de 2014

Países lusófonos vão tirar partido da nossa nação verde

A fundadora da Associação Lusófona das Energias Renováveis - ALER, Isabel Cancela de Abreu, protagonista da “Semana Comentada”, considera que o Compromisso para o Crescimento Verde, que o Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia apresentou recentemente, pode ser potenciado tendo em vista os países lusófonos.

 

“É interessante verificar que muitos dos desafios que são identificados no Compromisso são comuns aos restantes países lusófonos. Também essas nações enfrentam o problema das alterações climáticas, escassez de recursos hídricos, perda de biodiversidade e efeitos demográficos. Já vimos muitas vezes na televisão as cheias em Moçambique que são uma verdadeira catástrofe”, exemplifica.

 

Na Guiné Bissau apenas 15 por cento da população tem acesso a electricidade. Em Moçambique a taxa é de 20 por cento, em Angola de 38 por cento e Timor-Leste fica-se pelos 22. “As pessoas sem electricidade de Angola e Moçambique são 31 milhões. É três vezes Portugal inteiro sem acesso a electricidade. As renováveis são claramente a opção mais prática e mais económica para ter acesso a um bem tão essencial”.

 

Isabel Cancela de Abreu sublinha que há enormes desafios, mas também enormes oportunidades de que Portugal e as empresas portuguesas podem tirar partido. “Portugal já é o terceiro país do mundo em política climática, é o terceiro melhor da União Europeia na penetração de renováveis na produção de electricidade e tem a terceiro maior empresa de energias renováveis no mundo”, enumera.

 

O nosso país tem também uma experiência técnica e regulatória muito importante no desenvolvimento de projectos de energias renováveis e recursos humanos especializados, apesar de “infelizmente ter um problema de excesso de capacidade instalada e falta de interligações com a Europa”, o que condiciona o crescimento das energias renováveis.

 

“Não é de espantar por isso que um dos objectivos para o Crescimento Verde seja o incremento das exportações verdes, que em 2012 representaram meio milhão e que podem atingir 1,2 milhões de euros em 2030. Se os mercados lusófonos forem bem dinamizados, como é objectivo da ALER, este valor poderá ser muito superior porque consideraremos não só a exportação de bens e serviços, mas também a exportação dos negócios verdes, de empresas portuguesas nos países lusófonos, e de cérebros verdes”.

 

Isabel Cancela de Abreu acredita por isso que “os países lusófonos terão todo o gosto de tirar partido desta nossa nação verde” até porque todos os países têm abundância de recursos. “Há um casamento perfeito entre a oferta e a procura”, antecipa.