27 de Julho de 2021

São Tomé e Príncipe: Pequeno estado insular em transição energética

O Governo de São Tomé e Príncipe espera lançar dois planos de acção nacionais em setembro de 2021 com o apoio da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO). Os dois planos são o Plano de Acção Nacional para as Energias Renováveis ​​e o Plano de Acção Nacional para a Eficiência Energética, que apoiarão o desenvolvimento das energias renováveis ​​no país, bem como o consumo eficiente. O Governo de São Tomé e Príncipe está a trabalhar para obter uma taxa de energia renovável de 50% na sua matriz energética até 2030, explica o Coordenador Nacional do Projecto da UNIDO na Direcção Geral de Recursos Naturais e Energia (DGRNE), Gabriel Maquengo.

 

São Tomé e Príncipe tem trabalhado em colaboração com a UNIDO, o Banco Mundial, o PNUD e outras organizações para implementar projectos de energia renovável no País. O projecto de energia renovável mais avançado actualmente é a central solar fotovoltaica de Santo Amaro com 2,2 MWp de potência, que deve entrar em operação no início de 2022. A mesma está localizada ao lado da Central térmica de Santo Amaro (mais info aqui).

 

Existe também o projecto de reabilitação da central hídrica de Papagaio, de até 1MW na ilha de Príncipe, que ainda está em fase de estudos e com previsão para entrar em operação em 2024. Os planos de reabilitação da central estão a cargo da UNIDO, PNUD e ETISP (Programa de Transição de Energia e Apoio Institucional) do Banco Africano de Desenvolvimento, que também inclui dois projectos de energia solar fotovoltaica, reforço técnico e manutenção das centrais térmicas. Ainda na ilha de Príncipe, há planos para desenvolver uma central fotovoltaica solar de 4,5 MWp. 

 

Atualmente, a taxa de produção de energia renovável na matriz energética de São Tomé e Príncipe é de 5%, resultantes da Central hidroelétrica do Contador que tem uma potência de cerca de 1,9 MW. 

 

O país também está a trabalhar para desenvolver quatro projectos hidroelétricos de 14 MW no total, sob um regime de construção-própria no Yô Grande e Bombaim. 

 

Um dos desafios que está a ser abordado no programa da UNIDO é a falta de profissionais locais experientes. Durante o desenvolvimento do projecto, a UNIDO e outros parceiros têm vindo a contratar serviços internacionais que também trabalham com os técnicos nacionais para a transferência de conhecimento. Isto, com o propósito de num futuro muito próximo possam ser desenvolvidos projetos localmente, sem depender de empresas internacionais.

 

No entanto, embora o desenvolvimento de energias renováveis ​​seja uma prioridade para o governo, a questão da electrificação universal rural não pode ser ignorada. Diante das políticas energéticas, outras tecnologias ainda devem permanecer para garantir o fornecimento de energia eléctrica a todos. Projectos a gás e a diesel ainda precisam de ser desenvolvidos, embora as organizações internacionais não estejam dispostas a financiá-los, a estrutura básica é necessária para uma transição energética. A transição energética não significa deixar a população no escuro enquanto medidas renováveis ​​estão a ser implementadas. Embora não se pretenda aumentar o índice de energia térmica, principalmente a diesel, este será necessário para fazer face ao  abastecimento nacional durante o período de transição. Os projectos de energia térmica irão sendo diminuídos à medida que aumenta a inserção de energia renovável na matriz energética nacional, segundo o Coordenador Nacional do Projecto.

 

Ainda nessa fase transitória prevê-se que o projecto de biomassa de 12,5 MW seja desenvolvido pela CISAN em Água Casada na região de Lobata, tendo já sido assinado um contrato de compra de energia. Quatro projetos de 15 a 10 MW estão a ser planeados por empresas como a Solo Solar Energy e a CISAN, embora a situação pandémica actual causada pelo COVID-19, não esteja a permitir o desenvolvimento desejado para esses projetos.

Além dos projectos de energia solar fotovoltaica e hidroelétrica, o governo espera também fazer uso de tecnologias novas e emergentes. Uma grande oportunidade reside nas tecnologias oceânicas que ainda precisam de ser tornadas acessíveis. 

Um estudo está em andamento pela Iniciativa de Energia Sustentável dos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (SIDS Dock) para entender o potencial da energia marinha nos SIDS. No momento presente, a tecnologia é ainda muito cara, mas o efeito dessas novas ferramentas de produção de energia pode ser grande. São Tomé e Príncipe tem demonstrado grande vontade de adoptar novas iniciativas com vista ao desenvolvimento de um sector energético sustentável.

 

Apesar dos problemas na geração de energia, a indefinição de algumas políticas e questões regulatórias, o impacto negativo da dependência de combustíveis fósseis e a falta de conhecimento e experiência locais, São Tomé e Príncipe está no bom caminho e tem dado passos que comprovam o seu compromisso na transição energética.

 

Fonte e Imagem @ ONUDI